Apple: como tudo começou e o que ela faz para se manter no topo?

Boa leitura!
“Não criamos a Apple numa garagem” – Wozniak


Há muitas histórias advindas da imagem que apresenta Jobs e outro cabeludo criando sua empresa em uma garagem. Em uma palestra estudantil Woz desvendou o mito – “Nunca projetamos novos produtos na garagem. Não projetamos nada, nem negócios. É uma história inventada. Steve Jobs criou sua parte do negócio em seu quarto. A garagem éramos nós, tínhamos de usar o que fosse possível para poder fazer dinheiro”, exclamou, afirmando que: “Reconheço que é muito melhor a história de dois rapazes em uma garagem”.

Steve Jobs tinha 12 anos quando decidiu que queria montar um frequencímetro – aparelho essencial quando você precisa construir seu próprio circuito em casa. O menino não tinha todas as peças que precisava. Então, numa tarde de 1967, decidiu telefonar para alguém que certamente teria: Bill Hewlett, dono da HP. Era a maior empresa da região onde Jobs morava – um lugar nos arredores de San Francisco.  O fundador da HP foi encontrado pelo pré-adolescente através da lista telefônica e depois disso conversaram por 20 minutos. Jobs conseguiu o que precisava para montar seu frequencímetro. E Bill Hewlett mostrou que sabia reconhecer talentos: ofereceu a Jobs um estágio na HP “um summer job”, ou seja, um trabalho que estudantes americanos fazem no verão.

Jobs chegou a dar uma entrevista anos depois dizendo que trabalhou em uma linha de montagem colocando porcas e parafusos em frequencímetros – “Era o paraíso.” Em 1971, aos 16, Jobs conheceu outro fanático por eletrônica: Steve Wozniak, um estudante de engenharia cinco anos mais velho. Woz tinha criado um aparelho que enganava os sistemas das companhias telefônicas e permitia fazer ligações internacionais de graça (algo que valia ouro nos anos 1970).

Não se tratava de uma invenção. Hackers da época já tinham desenvolvido outros modelos antes. Mas Woz fez o seu do zero. Jobs achou que havia um bom negócio ali e passou a vender os aparelhos por encomenda. Era a primeira startup, digamos assim, da dupla. Só não tinha CNPJ, já que o produto deles era absolutamente ilegal – um cliente chegou a ser preso enquanto usava em um telefone público, mas se recusou a dizer com quem tinha comprado.

A segunda startup viria em 1976. Eles tinham conhecido o primeiro computador pessoal da história, o Altair 8800 – antes, o que havia eram mainframes, máquinas nada pessoais, que ocupavam uma sala inteira. Jobs viu que tinha negócio ali também. Então chamou Woz para montar outra empresa, agora dedicada a montar computadores. O nome apareceria na cabeça de Jobs depois de visitar a uma comunidade hippie que mantinha um belo pomar de maçãs: Apple. “Um nome enérgico, mas que não soa intimidador”, ele pensou depois.

Para formar o capital inicial, Steve vendeu sua Kombi 1964 por US$ 750; Woz, sua calculadora científica HP, por US$ 500. Esses US$ 1.350 de 1976 equivalem a US$ 6 mil de agora. Daria para dizer hoje que a Apple fatura isso, tipo, a cada segundo, não? Não. A receita da Apple é de quase US$ 860 mil por segundo, de acordo com o último balanço trimestral, que registrou a entrada de US$ 111,4 bilhões – a maior da história da empresa.

Kombi, veiculo que foi vendido por Jobs para iniciar o capital da Apple saiu de linha no Brasil e consequentemente no mundo em 2013.

US$ 63,9 bilhões de lucro em 2020

Até há quem fature mais do que a Apple. O Walmart, líder nesse quesito, fez US$ 134 bilhões no terceiro trimestre de 2020 (o do balanço mais recente). O lucro para valer, porém, foi de US$ 5,1 bilhões. Dá uma margem de 3,8%. A da Apple é de 25%. A da Samsung, para fazer uma comparação dentro do mesmo setor, é de 15%. Mas, o lucro no último trimestre de 2020 não foi só o maior da história da empresa, mas o maior de uma empresa na história da humanidade: US$ 28 bilhões.

Contando 2020 inteiro, a Apple lucrou US$ 63,9 bi. É o dobro da Samsung, sua maior concorrente no mercado de smartphones. Com a morte de Steve Jobs em 2011, vítima de um câncer no pâncreas, a Apple tinha só 4% do mercado global de smartphones. Tim Cook, o sucessor de Steve, mudaria esse cenário.  E foi o que ele fez.

Em 2013, lançou dois iPhones ao mesmo tempo, o 5S e o 5C, mais em conta. Hoje um em cada quatro celulares ativos no mundo é da empresa que começou com uma Kombi e uma calculadora. Sim, a fatia de mercado da Apple é hoje tão grande quanto sua margem de lucro. Nós podemos ter uma opinião sobre a política de preços da Apple. Mas, pelo jeito, quem está certo é Tim Cook. Os iPhones mais caros garantem a magnifica margem de 25% de lucro e os mais baratos aumentam a fatia de mercado. Garantindo a maça o topo do vale dos smartphones com direito a coroa e aplausos.

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